Na beira do poço




Eu vi o moço na beira do poço,
Olha o moço na beira do poço!

O que faz aquele moço na beira do poço?
O moço, coitado, nem parece estar acordado,
Mais parece um bocado de osso na beira do poço.

Vida seca,
Corpo sem carne,sangue...(...)
Só retrata o infinito esforço do moço na beira do poço.

Vi o moço sofrendo na beira do poço,
Me pus a chorar,
Como pode o moço morar na beira do poço?

Vi o poço do moço quase seco,
Bem perto do fim,
Me deu um desgosto ao ver aquele moço na beira do poço olhando pra mim.

Mas, mais desgosto tenho ao ver
Aquele monte de moço dentro daquele poço formoso que tem lá pro rumo dali.

Mas se acalme moço,
Que um dia nós sai da beira do poço,
Vamos fazer valer todo nosso esforço,

Não morra moço que você já sai da beira do poço,
E não vai tomar mais esse caldo insosso que só te deixa ficar na beira do poço.

Sobreviveremos nós, os passageiros?

Hoje a tristeza não é passageira, hoje a tristeza é de pais, mães, filhos, amigos, irmãos e irmãs de passageiros, que não passaram livres da tempestade que castiga o já tão massacrado país. Como se já não bastasse as surras que levamos todos os dias de responsáveis idiotas que não se responsabilizam por nada, vem a “pisa” que é a crise aérea que só se agrava e grava no peito de cada um envolvido, o desespero, a tristeza, a revolta enfim, a angústia de ter que engolir mais uma que traz outra e se tornam outras.

Veio a primeira grande e sinistra tragédia, foram mais, bem mais que cem, que sem culpa alguma tiveram suas vidas ceifadas por algo até hoje não bem explicado, para a angústia de outros mil, milhares, milhões de inocentes que pouco podem fazer e menos ainda fazem para mudar alguma coisa.

A vergonha aumenta quando o mundo acompanha pela TV a humilhação de outros tantos passageiros passados pelo corredor de quase morte moral que se tornou a situação dos serviços de transportes aéreos deste país.
Não tanto tempo depois (dez meses para ser mais exato) quase como objeto de uma premonição acontece a maior tragédia da história da aviação brasileira. São quase duzentos os que perderam suas vidas, são incontáveis os que perderam os ânimos para continuar e seguir em frente. Atos “oficiais” surgem por toda a parte dos governantes, mas mais oficial é a grande tristeza em que se encontra o país diante disso, que parece não ter fim.

De quem é a culpa? Eu pergunto.
De quem é a culpa? Você pergunta.
De quem é a culpa? As famílias em luto perguntam.
De quem? De quem?

A caça às bruxas foi aberta. Caçadores enfurecidos jogaram-se ao ar, mas não sabem, coitados, que as bruxas, com seus poderes mágicos, místicos, podem e vão fazer com que logo tudo fique “calmo” todos logo voltarão a sorrir e seguir suas vidas até o dia em que todos terão os seus encantados finais felizes. Kazam!

18/7
Teddy, como o Brasil, em luto, e puto! Muito puto com essa puta!(ria) sem vergonha com o codinome politicagem brasileira.

A folha

Vê, caiu uma folha,
seu cair leve me fez
respirar devagar,

a folha caiu devagar,
o vento a tirou pra dançar,
ele a levava pra lá e pra cá,
a fazia balançar,
mesmo sem música,
havia um ritmo,
um suave tocar,
o vento a manipulava,
ele a tirou pra dançar,
ele atirou e acertou,
ele a tirou,
a tirou dali,
deixou-a orfã,
ele a levou,
a levou pro ar,
a fez feliz,
deixou-a saber de seu nariz,
ao menos por um instante,
ela soube que podia sentir algo diferente,
ele lhe fez bem,
o vento a envolveu em seu corpo,
a fez dançar em suas costas,
seu peito, seu rosto, seu tudo,
ela sentiu, ela se perdeu,
por isso balançava,
ela foi feliz,
enquanto caía, ela foi feliz,
ela foi,
foi feliz.

teddy